#112 Tecnologia - Primeiro satélite 100% brasileiro entra em operação

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Até janeiro de 2020, a Agência Espacial Europeia estimava a existência  de até 30 mil objetos espaciais em órbita lançados por diferentes  países. Desse total, cerca de 3400 estão em órbita da Terra. Mas,  somente nove são brasileiros — sendo que apenas seis são satélites  grandes; os outros são nanossatélites, usados principalmente para fins  educacionais.  Este ano, porém, o Brasil deu mais um passo em seu  programa de exploração espacial: nosso país vai ter o primeiro satélite  de observação completamente projetado, integrado, testado e operado por  brasileiros. Tudo começou em 2002, com um projeto para a criação de uma Plataforma  Multimissão, mais conhecida pela sigla PMM. Trata-se do módulo de  serviço de um satélite, responsável por fornecer energia elétrica e os  sistemas de transmissão de dados que dão suporte à missão. Se satélites  fossem caminhões, a PMM seria a cabine na qual é possível acoplar  diferentes tipos de chassis para diferentes cargas — um furgão, um  frigorífico ou uma caçamba aberta. Ou seja, essa espécie de cabine pode  ser usada em diferentes missões.  O INPE e a Agência Espacial Brasileira, responsáveis pelo projeto,  superaram o desafio de construir um satélite apenas para uma única  missão. No dia 28 de fevereiro, o satélite brasileiro Amazônia-1 foi  lançado à órbita. As primeiras imagens do satélite foram recebidas no  dia 3 de março. No dia 10 de março, imagens mostravam a reserva nacional de vida  silvestre, na Amazônia boliviana. O equipamento é o terceiro a formar o  sistema Deter e vai auxiliar na observação e no monitoramento do  desmatamento na região amazônica. O equipamento é coordenado pelo  Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e faz parte da Missão  Amazônia, que busca monitorar a agricultura e o desmatamento no  território brasileiro. Como o Brasil não possui estruturas de lançamento  para colocar satélites em órbita, por isso o Amazônia-1 precisou ser  lançado da Índia. Além da função principal de sensoriamento remoto, o Amazônia-1 servirá  para avaliar a Plataforma Multimissão.  Essa plataforma poderá servir de  base para o desenvolvimento de novos satélites com diferentes funções. A  missão deve durar quatro anos. Ao fim desse período, serão feitas  avaliações para verificar a viabilidade de manter o satélite por mais  tempo em órbita. Caso a missão seja finalizada, o Brasil terá um prazo de 25 anos para  tirar o satélite do espaço. Normalmente esses objetos espaciais acabam  caindo na Terra, e isso é feito, em geral, sobre o Oceano Pacífico, para  que eventuais restos que não desintegraram não provoquem acidentes em  solo. É importante que as políticas públicas estejam adequadas às  informações fornecidas pelo Amazônia-1. O controle do desmatamento e os  sistemas de comunicação são alguns bons exemplos.  O equipamento é projetado para gerar imagens do planeta a cada cinco  dias e, sob demanda, pode fornecer dados de um ponto específico em dois  dias.  Em caso de um eventual desastre ambiental, por exemplo, como o  rompimento da barragem em Mariana, em 2015, o monitoramento poderá ser  ajustado para o local. Focos de queimada também poderão ser  visualizados.  Assim, o satélite vai ter um papel de destaque na preservação do meio  ambiente e no monitoramento do desmatamento ilegal, contribuindo para a  preservação da Amazônia.