#87 Mudança climática: o Brasil sufocado

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Uma epidemia silenciosa mata cerca de 51 mil brasileiros todos os anos e  para combatê-la é preciso uma política pública bem planejada.  Atualmente, o Brasil não monitora o ar com os exigentes padrões de  outros países. Em nosso país, os critérios são mais permissíveis do que os recomendados  pela Organização Mundial da Saúde e não há penalidades caso sejam  descumpridos. A ciência traz dados para que o assunto seja tratado com seriedade, além  de possíveis caminhos para solucionar a questão.   Os impactos da poluição do ar na saúde estão conectados com a incidência  de mortes prematuras, doenças pulmonares, cardiovasculares, acidentes  vasculares cerebrais, disposição ao câncer e ao diabetes, além de  prejuízo do desenvolvimento cognitivo em crianças e demência em idosos. Em apenas seis regiões metropolitanas brasileiras, onde vive 23% da  população do país, se os padrões de poluição continuarem os mesmos de  2016, ocorrerão cerca de 128 mil mortes precoces entre 2018 e 2025, que  representarão um custo de R$ 51,5 bilhões em perda de produtividade,  segundo estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade. Haverá ainda 69  mil internações públicas a um custo de R$ 126,9 milhões para o Sistema  Único de Saúde (SUS). A estimativa foi feita antes dos efeitos da  pandemia de Covid-19, que pode inclusive agravar esse quadro. A boa notícia para o país, em especial para os tomadores de decisão, é  que combater a poluição do ar faz sentido também do ponto de vista  econômico. Estima-se que os custos associados a mortes prematuras em  função do ar poluído equivaleram, em 2015, a 3,3% do Produto Interno  Bruto (PIB) brasileiro. O impacto negativo na economia brasileira ocorre  em função da queda de produtividade de trabalhadores, das mortes  prematuras, das limitações para a aquisição de habilidades cognitivas  relevantes para educação causada pela exposição aos poluentes e das  perdas na produtividade agrícola.  Recentemente, um grupo de 14 especialistas realizou a sistematização  mais abrangente de estudos sobre a qualidade do ar no país. Conversamos  com o economista e especialista em qualidade do ar, Walter de Simoni,  que coordenou esse estudo.