#97 Pacote de Biden deve mudar a cara do capitalismo mundial - debate com Antonio Correa de Lacerda e José Paulo Kupfer

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Os Estados Unidos devem passar por uma mudança que pode alterar a  cara do capitalismo mundial. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden,  anunciou um pacote de investimentos estatais de US$ 2,2 trilhões. A  expectativa é de que essa seja apenas a primeira parte de um plano  maior, que ainda terá investimentos voltados para a área de saúde e,  especialmente, da pesquisa científica. O investimento deve ser  executado ao longo de oito anos. Para financiar o projeto, a intenção de  Biden é elevar o imposto das empresas de 21% para 28%. Além da elevação  de impostos, que será a principal fonte de recursos, o presidente  norte-americano também pretende adotar medidas destinadas a impedir o  deslocamento de lucros para outros países. A ideia é incentivar as  empresas a manter suas operações nos Estados Unidos e, consequentemente,  elevar a arrecadação em território nacional. Esse pacote vai investir cerca de 1% do PIB por ano ao longo de oito  anos para atualizar a infraestrutura dos Estados Unidos, revitalizar a  manufatura, investir em pesquisas científicas e fortalecer cadeias de  abastecimento. Biden fez o anúncio em sindicato de trabalhadores em Pittsburgh, sua cidade natal. Ele disse que o pacote é uma forma de  criar “a economia mais forte, mais resistente e inovadora do mundo”,  além de “milhões de empregos bem remunerados”. E o que isso pode  significar para o mundo? Será um “new Deal” para mudar a cara do   capitalismo? E quais as possíveis repercussões para o Brasil, que  possui um teto de gastos no orçamento é uma economia fragilizada? Para  falar sobre o pacote de Joe Biden, O Planeta Azul organizou um debate  com o presidente do Conselho Federal de Economia, Antonio Correa de  Lacerda, e o jornalista e economista José Paulo Kupfer. Segundo  Kupfer, uma das maiores travas do teto de gastos brasileiro é não seguir  o ciclo político, que seria de 5 a 6 anos. Além disso, nas legislações  de outras nações o teto de gastos não é em detrimento do investimento  público. No Brasil, sim. O investimento dentro do teto é uma  incompreensão de como funciona a economia de um país, diz Kupfer. Por  isso uma reforma tributária é tão necessária. Para Antônio Correia de Lacerda, nenhuma proposta de reforma atual contempla os temas realmente necessários. Os  dois economistas concordam que, diferente de exemplos usados comumente,  o Estado não pode ser comparado a uma empresa ou uma família, para quem  faz sentido cortar gastos durante uma crise. O governo pode e deve  gastar. O teto de gastos é, na prática, um programa de redução do  tamanho do Estado, que faz com que ele opere menos em áreas previstas na  Constituição, abrindo espaço para o setor privado. A necessidade  de uma reforma urgente no sistema tributário brasileiro foi o ponto  comum dos dois economistas. A reforma serviria para corrigir distorções  que fazem pessoas com menor renda pagar, comparativamente, mais impostos  do que as pessoas de renda mais alta.