A janela de oportunidade após dois anos de pandemia

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Ao Ponto (podcast do jornal O Globo)

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A onda da Ômicron alertou a Europa em dezembro. Não demorou quase nada para que a nova variante mais transmissível do coronavírus chegasse com força ao Brasil. Entre janeiro e fevereiro, as internações e os óbitos, especialmente de não vacinados, também voltaram a subir rapidamente, com impacto sobre os sistemas de saúde. Porém, houve um descompasso importante frente ao número de casos, que explodiu em números recordes. Enquanto a taxa de letalidade nas primeiras ondas da pandemia variava entre 2% e 3%, agora esse indicador caiu para valores próximos de 0,3%. E a Ômicron se espalhou tão rapidamente que já começa a ceder em diferentes lugares. Com tanta gente infectada por uma variante com sintomas menos graves e, principalmente, vacinada, a Ômicron provocou, nas palavras da Fiocruz, uma "legião de pessoas temporariamente imunes a uma nova infecção". O que, segundo os cientistas da fundação, cria uma "janela de oportunidade" para readequar os sistemas de atendimento de casos graves e traçar novas estratégias de saúde. Entre as estratégias destacadas pela Fiocruz, no relatório do Observatório Covid-19, publicado na quarta-feira, estão a ampliação dos meios de vacinação; a busca ativa de pessoas que não se vacinaram, seja por problemas de acesso ou por resistência motivada por discursos antivacina; a massificação da vacinação de crianças; e o reforço dos benefícios gerados pela correta higienização. No Ao Ponto desta quinta-feira, o pesquisador Carlos Machado, coordenador do Observatório Covid-19 da Fiocruz, explica o que significa, na prática, essa "janela de oportunidade". Ele também analisa a nova fase da doença, dois anos após o seu surgimento, e avalia até que ponto esse novo cenário permite afirmar que a pandemia começa a ceder de forma definitiva.