Fake News Falcão e Filho – Odycast #34

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"O que eu faço é pegar meu boné e virar para trás... Eu me sinto como outra pessoa... Como sei lá, um caminhão..."- Falcão, Lincoln (Falcão o Campeão dos Campeões)De 20 a 31 de Maio de 2018......tivemos uma paralisação geral dos caminhoneiros do Brasil. Como/onde você viveu os últimos dias? O mundo está mudando, com Fake News, Real News, Whatsapp, Marketing Digital, Tráfego, Redes e o escambau.A coisa começou como uma headline de meio de página dos sites de notícias que acompanho (tento sempre cruzar 3 ou 4 que seguem tendências ideológicas diferentes para no meio do caminho encontrar algum senso de localização). Segundo dia, terceiro dia. Filas se formaram nos postos, como se a gasolina estivesse barata (meu carro é econômico, não preciso de gasolina tanto quanto antes, logo não tive a curiosidade de olhar para os preços). Quarto dia, mensagens compartilhadas no whatsapp começam a chegar (desde golpes - de várias tendências ideológicas, passando por correntes de oração pró Brasil, até discursos inflamados de caminhoneiros, políticos, militares, bombeiros), Cristina não pode trabalhar devido a circulação escassa de ônibus, prova da FGV adiada em função da dificuldade de transporte, compramos 30 ovos brancos por medida de segurança (alimentar). Quinto dia; percebo que deveria ter saído dos grupos de Whatsapp da família expandida e acaba o bacon. [ O bacon. ] Sexto dia; começa a serem vendidos kits de apocalipse zumbi, o mundo paralelo dos bastidores do Marketing Digital começa a se agitar timidamente (ainda que os textões e postagens com letras garrafais já tivessem aproveitado para criar branding em cima da celeuma). Sétimo dia; o pé de alface custa R$8,00, tenho a epifania da Costela. Oitavo, nono e décimo dia seguem mais ou menos parecidos (polifonia ou palimpsesto), múltiplas versões dos fatos, meus joelhos doem de andar a pé, foco no trabalho (afinal parte de meus clientes tem negócios no mundo paralelo e a Inteligência do hard work tem de continuar junto do show) e observo, atônito, que de alguma forma completamente obscura a coisa chega "ao fim" (as aspas são minha licença poética lembrando que ainda não se sabe se estamos no final do arco-íris uma vez que os postos recebem 1/3 do estoque normal segundo minhas fontes em primeira mão - frentistas amigos, sou um homem de hábito).Da sequência inesperada de fatos, fica uma sensação muito forte: mesmo querendo muito, pensar tem ficado mais difícil. Formar opinião. Conversar, entender o que está acontecendo - não o que está acontecendo de podre lá na Dinamarca ou no casamento do príncipe da família real Britânica, mas o que está acontecendo a nossa volta. Acessar informação e separar o real do imaginado, o certo do errado, o fato do fabricado tem virado tarefa (quase) impossível. A quantidade de conteúdos virais de todos os tipos durante estes últimos dias fez todas as vias de tráfego das redes sociais ficarem paradas, congestionadas - de certa forma em greve também. As audiências do mundo digital foram tomadas de assalto por múltiplos fronts, entrando em um transe hipnótico complexo.Como podemos pensar no meio deste tráfego cruzado?Notícias afetivas se misturando com conteúdos de tráfego pago. Nossa capacidade de criar juízo sendo moldada pelos apelos afetivos . Nos tornamos reféns dos grupos (é meu irmão, não dá para sair agora dos grupos de whatsapp sem parecer um desertor digital, sem dizer adeus ao doce de leite de sua tia que mora no interior e vai te considerar ainda mais excomungado). Olhamos para todos os lados e vemos os mesmos rosto apreensivos ansiosos pela próxima atualização.As coisas estão mudando. Assim como uma greve não é a mesma, como vender capsulas de emagrecimento ou um novo curso que transforme completamente quem você é em 11 dias não é mais o mesmo que a 10 anos atrás, criar negócios com inteligência realmente digital não é mais uma questão apenas ...