São Tomé e Príncipe em estado de contingência: "Os casos têm diminuído"

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Em São Tomé e Príncipe, a situação pandémica está a melhorar e a redução do número de casos positivos de Covid-19 nas últimas duas semanas, em conjunto com o aumento da taxa de vacinação, permitiu ao governo passar do estado de calamidade para estado de contingência, uma medida que entrou em vigor hoje e que dura até ao próximo dia 28 de Fevereiro. A partir desta sexta-feira, as discotecas reabrem e é novamente possível a realização de festas públicas. Em entrevista à RFI, Wuando Castro, ministro da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares são-tomense, começou por explicar-nos precisamente os dados que levaram o governo a declarar situação de contigência no arquipélago. "Nós fazemos primeiro a análise da situação epidemiológica e depois a actualização das medidas semanalmente, nas reuniões do Conselho de Ministros e verificámos que, de há 2/3 semanas para cá, os casos positivos têm diminuído", começou por dizer, relembrando que actualmente existem apenas 20 casos activos no arquipélago. Wuando Castro explicou depois que nos últimos dias tem havido uma média de 3-4 casos positivos por dia em São Tomé e, por seu turno, na ilha do Príncipe há quase uma semana que não há registo de qualquer caso de Covid-19. Deste modo, esta decisão do governo assentou, em primeira instância, na diminuição do número de casos positivos e também na aceleração da vacinação. Por sua vez, a "queda brusca dos internamentos" também foi um factor foi tido em consideração. Este alívio das restrições foi tomado de modo a que possa existir "algum desafogo" e o recomeço do funcionamento económico, segundo o governante. Neste momento, em São Tomé e Príncipe, de acordo com os dados disponibilizados pelo ministro, existe um total de cerca de 180 mil doses da vacina contra a Covid-19 já aplicadas. No arquipélago, cerca de 110 mil pessoas vacinadas já foram inoculadas com a primeira dose, um número que corresponde a uma percentagem de 60% da população-alvo (a partir dos 12 anos de idade). Por sua vez, existem cerca de 66 mil vacinados com a primeira e segundas doses, o que corresponde a 40/50%. Quanto à dose de reforço contra a Covid-19, existem perto de 3000 pessoas vacinadas no arquipélago. Apesar do números de pessoas vacinadas estar a aumentar, no início do processo de vacinação, existiu alguma relutância em São Tomé e Príncipe devido ao medo de potenciais efeitos secundários causados pela vacina Astrazeneca. "No início, houve alguma relutância porque na altura dispúnhamos apenas da vacina Astrazeneca, que foi ofertada ao país no âmbito da iniciativa Covax e houve aquela polémica que alegadamente a vacina causava alguns efeitos secundários graves", recordou, salientando que "esse preconceito foi depois ultrapassado". Wuando Castro referiu que, no momento presente, o arquipélago tem "uma taxa de vacinação considerável". O ministro relembrou depois, em entrevista à RFI, que o arquipélago recebeu lotes de vacinas oferecidas por vários países, no âmbito do dispositivo Covax, entre eles Portugal e a China. A União Africana também fez uma doação ao país. "Nós, neste momento, temos em termos de stock de vacinas, o suficiente para cobrir 100% da população. Já estamos a recusar ofertas porque depois não temos capacidade de armazenamento nem de utilização para fazer escoar as vacinas que temos disponíveis", revelou ainda Wuando Castro. Quanto às deslocações para São Tomé e Príncipe, o ministro salientou que os "controlos nos portos e aeroportos mantém-se", mas já não é necessário a realização do teste PCR negativo para entrar no país. "Quem tem as duas doses da vacina ou tem um certificado digital de vacinação pode entrar em São Tomé e Príncipe por via áerea ou marítima, desde que faça apenas o teste de antigénio, que é mais rápido e tem menos custos", afirmou. No que diz respeito às viagens inter-ilhas, o pressuposto é o mesmo: "Quem tem as duas doses da vacina, não precisa de fazer o teste, quem não tem, tem de se sujeitar à realização de um teste rápido 48 horas antes da viagem". Nas viagens internacionais, aplica-se exactamente o mesmo procedimento, ou seja, a realização de um teste antigénio rápido nas 48 horas antes da viagem ou, no caso de ser PCR, nas 72 horas antes. Em São Tomé e Príncipe, um dos grandes problemas relacionados com a pandemia prendia-se, até há bem pouco tempo, com a capacidade para realizar rastreios. Quando se tinha de fazer a sequenciação do genoma, os testes PCR tinham de ser avaliados em laboratórios fora do arquipélago, nomeadamente, no Instituto Ricardo Jorge em Portugal ou no Gabão, algo que já não acontece, uma vez que o arquipélago já tem a capacidade de fazer a sequenciação genética, conforme nos confirmou Wando Castro. A partir de agora, o arquipélago só irá pedir auxílio a outros países, em questões meramente de confirmação de amostras. Por fim, o ministro reiterou que a situação da Covid-19 vai continuar a ser acompanhada com atenção pelo governo, que tomará as medidas que considerar necessárias consoante a evolução da pandemia.