Umberto Eco, um intelectual apaixonado por livros

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TEMA: Umberto Eco====================================A primeira coluna do ano de 2020 homenageia um intelectual italiano de fama mundial. Autor de mais de 30 livros, entre ensaios, livros de filosofia, semiótica, linguística e romances que entraram na lista de best sellers internacionais. Homenageamos esta semana o autor Umberto Eco.Umberto Eco foi um escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano. Nasceu dia 05 de janeiro de 1932. Foi um dos grandes intelectuais da área da semiótica, um dos fundadores da semiótica moderna. Ensinou na universidade de Bolonha, em Yale, Columbia, Harvard, Collège de France e Universidade de Toronto. Ao longo da década de 1960 Umberto Eco realizou diversos estudos sobre semiótica abordando as diversas interpretações que o ouvinte, leitor ou telespectador pode conseguir através de uma obra artística. Este estudo é uma das suas principais contribuições intelectuais, e recebeu o nome de “Obra Aberta”. Neste conceito, uma obra de arte pode ter diversas e múltiplas interpretações, todas igualmente válidas. No ano de 1980 publicou o livro pelo qual seria mais conhecido, “O Nome da Rosa”. Este foi o seu primeiro romance e tornou-se um divisor de águas em sua carreira literária, pois com ele consagrou-se na literatura. O livro gerou uma grande repercussão, sendo adaptado para o cinema em 1986 pelo diretor Jean-Jacques Annaud (anú).O livro conta uma intrincada história de detetive que se passa em um mosteiro medieval italiano do século XIV. Uma série de crimes abala o recanto sagrado e um frade franciscano, William de Baskerville, detetive que se comporta como o famoso Sherlock Holmes, além da referência no nome do personagem, uma alusão a um livro de Holmes. O personagem principal é assessorado por seu discípulo, o noviço Adso de Melk.Umberto Eco empreende neste romance uma jornada fictícia rumo à Era Medieval vigente na Europa, uma metáfora do dogmatismo não só religioso, mas especialmente político, que rege não só a Itália, terra natal do autor, mas também uma vasta região do Planeta. Aqui ele debate abertamente as questões que subjazem sob crenças e ideologias contemporâneas, como as antigas contraposições entre o bem e o mal, o certo e o errado, vida e morte, elementos essenciais da doutrina cristã.Outra importante referência literária presente nesta obra é a biblioteca que atua como cenário das investigações de William de Baskerville, a qual parece ter sido inspirada pelo conto A Biblioteca de Babel, do escritor argentino Jorge Luis Borges além do próprio Borges, na figura do monge cego Jorge de Burgos.O livro vendeu milhões de exemplares, sendo, provavelmente o mais lido das décadas de 1980-1990. Após a adaptação cinematográfica o sucesso foi ainda maior. Umberto Eco escreveu ainda outros romances, além de O nome da Rosa, são eles: O pêndulo de Foucault (1988), A ilha do dia anterior (1994), Baudolino (2000), A misteriosa chama da rainha Loana (2004), O cemitério de Praga (2011) e O número Zero (2015).Eu tenho todos os romances de Eco e indico aqui, principalmente, o Nome da Rosa, O pêndulo de Foucault e O Número Zero, seu último livro. Além destes romances, recomendo também os ensaios Cinco escritos Morais, Entre a mentira e a ironia, Sobre a literatura e Não contem como fim do livro. Além destes textos escritos, recomendo, claro, o filme “O nome da Rosa” que é uma adaptação um pouco diferente do livro (sem as intrincadas teses filosóficas, teológicas e religiosas), mas igualmente interessante pela contextualização da época e a representação do imenso poder da Igreja Católica na Idade Média Europeia.Umberto Eco morreu de câncer no pâncreas em sua casa, em Milão, na noite de 19 de fevereiro de 2016.