#110 Drones - tecnologia nas florestas brasileiras

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O Brasil tem 4,9 milhões de quilômetros quadrados (km2) de florestas,  área maior do que a dos países que compõem a União Europeia. Monitorar a  extensão desses biomas e compreender a riqueza contida neles foi, por  muito tempo, tarefa para satélites distantes da mata ou para  profissionais mergulhados nela. Nos últimos anos, uma nova tecnologia  passou a contribuir para essa missão: os veículos aéreos não tripulados  (vants), também conhecidos como aeronaves remotamente pilotadas ou, mais  popularmente, drones.Essas máquinas voadoras têm sido usadas para  diversas finalidades, entre elas a identificação de focos de  desmatamento, a fiscalização da exploração madeireira, o cálculo do  volume de toras retiradas de uma área qualquer, a prevenção de incêndios  e, principalmente, a realização de inventários florestais, trabalho que  consiste em coletar dados sobre as espécies vegetais existentes em  determinado território.“Tecnologias para imageamento de espécies de  árvores e outras plantas e aferição do volume de vegetação, entre elas  radares laser [lidar, de light detection and ranging ou detecção de luz e  medida de distância] e sensores infravermelhos, já existem há algum  tempo. A inovação é ter esses sistemas embarcados em um drone, que pode  voar perto do topo das florestas e pairar no ar”, explica o físico Marco  Aurélio Nalon, pesquisador do Instituto Florestal (IF) de São Paulo.  “Como esses aparelhos são equipados com GPS, é possível fazer uma  programação prévia de voo e geolocalizar cada árvore  fotografada.”Coordenador do Inventário florestal do estado de São Paulo,  Nalon vem testando o uso de drones em parceria com o Instituto de  Botânica, também do governo paulista, que tem adquirido esses  equipamentos para a realização de levantamentos florestais. AA vantagem  dos drones é poder fazer a tarefa dos satélites voando próximo da copa  das árvores. No futuro, espera-se que também realizem o trabalho humano,  percorrendo o interior das matas com rapidez. Em ambos os casos, o  detalhamento de imagens e o volume de informações obtidas são superiores  aos demais métodos e custam menos.A unidade da Empresa Brasileira de  Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Acre é uma das pioneiras no uso de  drones para monitoramento de florestas no país. O engenheiro-agrônomo  Evandro Orfanó relata que a instituição faz desde 2015 o manejo  florestal de precisão com drones. Os dados de imagem do solo da floresta eram, até pouco tempo atrás,  descartados. O algoritmo de inteligência artificial era treinado para  ignorar essa informação – o que tornava mais ágil o processamento dos  dados das árvores e gerava economia de espaço para sua armazenagem. Até  que, em conversas com autoridades florestais, Nardari e os colegas  descobriram que o chão fornece informações importantes para a prevenção  de incêndios. Imagens do solo podem revelar o volume de folhagem e de  ramas, indicando maior ou menor risco de fogo.O pesquisador ressalva,  contudo, que é difícil saber se a tecnologia em seu estado atual  funcionaria em uma floresta natural, onde o espaço para o drone voar é  muito menor. “Especialistas florestais me disseram que às vezes é  difícil até para humanos transitarem em florestas muito densas. Estamos  procurando entender o problema para saber que adaptações teremos que  fazer nos algoritmos e no hardware. Esse é o nosso desafio atual.”