#122- Escuta Clima – ep. 4 – Vulnerabilidade: as vítimas das mudanças climáticas

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No episódio anterior, descobrimos como a desigualdade social afeta determinados grupos urbanos durante a iminência de um desastre natural. No episódio de hoje, vamos identificar quem faz parte desses grupos mais vulneráveis e como os eventos extremos no Brasil afetam suas saúdes e os colocam em risco de morte. É importante lembrar, também, que tais eventos de ordem climática são intensificados pelo aquecimento global e ficarão mais fortes e frequentes a cada ano.  A série Escuta Clima é produzida pela Camila Ramos e está ligada ao curso de Especialização em Jornalismo Científico do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) e ao Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade (Nudecri) da Unicamp. O projeto tem o objetivo de divulgar as pesquisas e pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre Mudanças Climáticas (INCT-MC) e é apoiado pelo programa Mídia Ciência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).    ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Roteiro Camila Ramos - A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas, que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Esse é o artigo 196 da atual Constituição brasileira. No episódio anterior e a primeira parte do tema de Vulnerabilidade, que você encontra nessa mesma plataforma que nos ouve agora, vimos que a desigualdade social é um fator determinante da vulnerabilidade humana frente ao risco de um desastre natural. O Alberto Najar, que é sociólogo e pesquisador titular da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, resume bem o assunto: Alberto Najar - Risco e vulnerabilidade são conceitos que só podem ser compreendidos levando em consideração diferentes contextos histórico-sociais e as diferentes disputas de paradigmas das áreas científicas que as desenvolveram. Portanto, dependendo do ponto de vista, sob risco podem estar grande parte das populações e das comunidades que vivem em situação de vulnerabilidade, principalmente em grandes centros urbanos. A exposição ao risco ou a existência de vulnerabilidade é produto dos modelos econômicos que prevaleceram desde a metade do século XX, e que acentuaram as desigualdades econômica e sociais, aumentando a pobreza e expulsando significativa parte da população para as periferias urbanas, áreas essas que foram gradativamente ocupadas de forma desordenada, o que gerou não apenas problemas ambientais de diversas ordens, mas também a intensificação de situação de risco geradas por ameaças ou processos naturais, que são potencializados pelos eventos extremos decorrentes, por exemplo, das mudanças climáticas”. Camila Ramos - Também vimos no episódio anterior que existem diversos estudos voltados a descobrir quem são as pessoas sob risco. Como é o caso da pesquisa conduzida pela Regina Alvalá e colaboradores, que estimaram com base em análise para 825 municípios do Brasil que a cada 100 habitantes, nove viviam em áreas de riscos de desastres. A Regina é pesquisadora e coordenadora de Relações Institucionais do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, o Cemaden, e foi uma das entrevistadas. Essas pesquisas ajudam a subsidiar a gestão de riscos e respostas a desastres e são relevantes para subsidiar, também, políticas públicas que têm o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população e são extremamente importantes para tornar uma cidade mais resiliente. Afinal, os eventos climáticos extremos estão ficando mais intensos e frequentes a cada ano, intensificados pelo aquecimento global. Como indica o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. Então, no episódio de hoje iremos continuar o assunto de Vulnerabilidade, identificando quem são as pessoas que vivem em áreas ...