O recado do Banco Central para o governo Bolsonaro

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Ao Ponto (podcast do jornal O Globo)

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O Banco Central adotou um tom incomum na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, responsável por determinar a taxa básica de juros da economia, hoje fixada em 10,75%. Ao explicar as razões para as sucessivas elevações da Selic, o Copom questionou os mecanismos do governo Bolsonaro e do Congresso para frear a inflação no curtíssimo prazo. O principal deles é a PEC dos Combustíveis, que pode levar ao descontrole fiscal para ajudar o presidente Jair Bolsonaro na disputa à reeleição. Só essa proposta, que tramita no Senado e foi apelidada de PEC Kamikaze pelo grande impacto nas contas públicas, pode retirar mais de R$ 100 bilhões por ano dos cofres da União, por meio da desoneração de impostos e pagamento de auxílio para caminhoneiros. Essa medida expõe a contradição do governo sobre o controle das contas públicas. Por um lado, é chamada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de "bomba fiscal". Mas tem o apoio de importantes governistas, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e já contava, na noite de terça-feira, com o apoio de mais de 30 senadores. No Ao Ponto desta quarta-feira, o repórter de Economia Alvaro Gribel, da coluna da Miriam Leitão, analisa por qual razão o Banco Central subiu o tom e mandou um recado de alerta para o governo. Ele ainda explica de que forma o desequilíbrio das contas públicas pode pressionar a inflação no longo prazo e como o mercado acompanha o debate sobre medidas interpretadas como populismo econômico em ano de eleição.