População guineense questiona-se sobre o ataque de ontem no Palácio do Governo

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Ontem à tarde, Bissau vivenciou acontecimentos violentos, com homens armados a cercarem o Palácio do governo onde se encontravam os membros do executivo, assim como o Chefe de Estado que estava a presidir um Conselho de Ministros. Durante várias horas, prevaleceu a incerteza, até Umaro Sissoco Embaló e o governo conseguirem ser extraídos do local pelas Forças Armadas. Destes acontecimentos dos quais resultaram pelo menos 6 mortos e, segundo fontes militares, várias pessoas detidas, pouco mais se sabe. Em declarações ontem à Nação, o Presidente guineense disse que não só se tratou de uma tentativa de golpe de Estado como também os agressores queriam matá-lo a ele, ao Primeiro-Ministro e aos membros do governo. Umaro Sissoco Embaló relacionou o sucedido com o combate ao tráfico de droga e disse que seriam necessárias mudanças, sem avançar que medidas pretende implementar. Estes acontecimentos que foram condenados tanto a nível internacional como a nível interno são vistos com alguma surpresa e perplexidade no seio da sociedade civil, nomeadamente por José Filipe Fonseca, engenheiro agrónomo em Bissau. "É mau para o país evidentemente" considera o engenheiro para quem "a grande questão é que a Guiné-Bissau, um dia, deve deixar de tentar resolver os seus problemas desta forma". Ao reconhecer ter ficado surpreendido com os acontecimentos, José Filipe Fonseca também recorda que "de uma forma geral, havia tensão no ar". Aissatu Indjai, vice-presidente da Plataforma Política das Mulheres, mostra-se chocada com os acontecimentos. "Para dizer a verdade, foi uma surpresa enorme porque não imaginava que podíamos, enquanto país democrático, chegar a este ponto", começa por dizer a activista que, ao aludir às vítimas do ataque, refere julgar "que não eram essas pessoas que queriam matar, porque as pessoas que mataram, eram da população". Para esta responsável associativa, "esta situação não deve ficar assim. As autoridades competentes devem investigar para poderem identificar os actores destes acontecimentos, no sentido de serem conduzidos à justiça". Cepticismo é o sentimento que tem, por sua vez o activista social e jurista guineense Fodé Mané, para quem são também necessários esclarecimentos. "Há muita incerteza porque até agora ninguém sabe quem é que está à frente disso, os membros do governo foram resgatados sem que se tenha apreendido qualquer um dos amotinados, não há informações", comenta o activista segundo o qual "devia haver uma comissão para investigar a esclarecer as coisas, uma comissão independente e imparcial de alto nível". Mas, conclui o jurista, "pela justiça que nós temos, pelas instituições investigação que nós temos e da forma como as coisas se passaram, de forma tão rápida, não se pode acreditar que se vai seguir o caminho da procura da verdade".